domingo, 29 de dezembro de 2013

Usina e mini usina de reciclagem de resíduos da construção civil

           Quando comandei o serviço de coleta do lixo em uma grande cidade do nordeste, tive oportunidade de estudar como ele é gerado e como polui as grandes cidades. Observei que os resíduos da construção civil (mais conhecidos como entulho) são responsáveis por grande parte do problema da poluição das cidades. O entulho não deve ser levado ao aterro sanitário. Ele deve ser colocado em caçambas e empresas especializadas devem fazer a coleta e cuidar da sua adequada destinação (frequentemente o entulho serve de aterro).
No entanto, não é raro as pessoas fazerem pequenos consertos ou reformas em suas residências e se depararem com o problema do entulho gerado por tal obra. Quem já não passou por essa situação? Fez uso da caçamba?
No desempenho da minha função costumava acompanhar a limpeza das ruas e com frequência via algum morador com seu carrinho de mão jogando entulho ao pé de um muro. Em pouco tempo as pessoas começavam a jogar sacolinhas com lixo, depois vinham os sofás velhos e os galhos de arvores. O interessante é que quase sempre o entulho chegava primeiro e parecia atrair o resto do lixo.                Também era muito comum caminhões procurarem ruas na periferia onde houvesse pouco movimento e, em surdina, livrarem-se do entulho.  Isso evidentemente é errado! Se todo mundo agir dessa forma as cidades ficarão feias e poluídas.
                As grandes cidades constam cada vez com menos áreas para depositar os detritos gerados pela população.  Um aterro sanitário bem feito custa muito dinheiro. Primeiro, que ninguém quer um desses aterros perto de casa, por isso eles acabam se distanciando cada vez mais dos pontos de coleta (ruas ou bairros onde eles recolem o lixo). O custo gerado para o transporte é enorme; segundo, o enchimento do aterro sanitário constitui-se em um problema gigantesco para as prefeituras e para tentar amenizá-lo costumam proibir o depósito de entulhos.
                Nesse contexto a reciclagem chega com força a setores que geram uma quantidade enorme de detritos como é o caso da construção civil. Na construção de um prédio são geradas toneladas de resíduos, o famoso entulho.
Criam-se as usinas e mini usinas capazes de reciclar esses resíduos.  Com isso o problema não acaba, porém é efetivamente amenizado.

                Como funcionam essas usinas e mini usinas?
                Primeiro surgiram as usinas e todas funcionam de forma parecida: o entulho recebido após o processo de triagem é descarregado no alimentador vibratório que alimenta o britador (no alimentador vibratório é retirado o pó que vem junto com o entulho). O britador tritura o entulho e o despeja em uma correia transportadora (e comum molhar o entulho que entra no britador para não gerar muita poeira).  Nessa correia são colocados imãs potentes para retirar metais (ferros de construção que vão nos pedaços de concreto). A correia transportadora despeja o material nas peneiras vibratórias que o separam pelo tamanho dos grãos. Após passar por essa separação, o material é transportado por correias finas e separado em pilhas. Cada correia transporta um determinado tamanho de agregado, tais como, pedrisco, pó de areia, brita 1 e brita 2.
                A mini usina é um pouco diferente.  Primeiro pelo tamanho que é bem menor para poder ser transportada com facilidade. Ela é colocada na obra (frequentemente prédios de apartamentos) e serve para reciclar os detritos que são produzidos na própria obra.  Quando a obra acaba, a usina é transportada para outra obra em construção.
                A mini usina funciona da seguinte forma:
- Um operário coloca os materiais a ser reciclados na moega (uma grade grossa) e com o auxilio de uma marreta os quebra para que passem por ela.  Esses materiais caem em um elevador que os leva para uma primeira peneira onde é separado o pó do entulho. 
- O entulho entra no moinho para ser triturado e em seguida cai numa segunda peneira.
- Tanto o pó da primeira peneira quanto o entulho triturado na segunda peneira caem em outro elevador.    Nessa face são retirados os materiais rejeitados nas peneiras.
- O elevador joga os materiais em dois misturadores.
- Outro operador rasga sacos de cimento em uma grelha e os mistura com o material reciclado em uma proporção determinada. A mistura é transportada por outro elevador para um silo.
- Um terceiro operador, retira do silo o material pronto e o coloca em sacos que são costurados. Esse material ensacado depois é utilizado na própria obra para rebocar as paredes (e preciso hidratar a mistura). Diminuem-se os custos com areia e gera-se uma construção limpa, quase sem detritos.


                Tanto a usina como a mini usina dão lucro. A usina e construída frequentemente em parceria com as prefeituras, já que para atender a lei federal 12305/2010 que determina uma destinação correta para os resíduos de construção civil a reciclagem desse tipo de resíduos é uma excelente saída. Depois de reciclados eles se transformam em areia, tijolos, calçamentos, etc.
                O lucro das mini usinas é ainda maior. Produzem em torno de 2.000Kg/hora de materiais que serão utilizados no reboco de paredes ou no contra piso da própria obra.
Quer dizer que o investimento com um equipamento desses, além de ajudar o planeta, se paga em pouco tempo.