LINHA DE RECICLAGEM DE PET

O PET é um dos plásticos mais produzidos pelas indústrias atualmente. E vem crescendo sua utilização ano a ano. Além do uso já consagrado na fabricação de garrafas descartáveis, praticamente eliminando o PVC e PEBD, o PET injetado, está ocupando o lugar do PEAD E PP na fabricação de embalagem para cosméticos. Também é cada vez mais freqüente a produção de garrafões de 20L para água (substituindo os de policarbonato) e tubos feitos de PET reciclado.
Por isso a reciclagem de PET é cada dia maior. Segue abaixo o croqui de uma linha recicladora de garrafas PET.

Figura 3.21


Processo: os fardos de garrafas de PET são levados até a plataforma pelo elevador, que é muito simples de confeccionar.

Um motor elétrico trifásico de 3 a 5 CV com chave inversora de sentido de rotação, um redutor e um cabo de aço são os ingredientes mais importantes. O resto são chapas e vigas, nada que um bom serralheiro não confeccione.

Na plataforma os fardos são abertos por dois funcionários e depois de abertos são colocados aos poucos no brunidor, que nada mais é que um grande cilindro inclinado cheio de furos 1”1/2 a 2” que gira em baixa rotação. No brunidor o fardo se desmancha e as garrafas se separam umas das outras caindo soltas na esteira de seleção. Tanto a plataforma como o brunidor é furado para permitir que terra, tampas soltas, e outras sujeiras que sempre acompanham as garrafas caiam numa chapa inclinada que está localizada embaixo da plataforma e do brunidor e que é limpa no fim do expediente. Desse modo leva-se muito menos sujeira para o restante da linha, facilitando sobremaneira a lavagem do material.

Na esteira o material é revisado por várias funcionárias que vão retirando os materiais contaminados (garrafas com metais, com tampas ou selos de PVC, garrafas de PVC, etc.)

Essa é a fase mais importante, por isso o brunidor tem que abastecer a esteira de forma contínua e regular, porque se a esteira ficar muito vazia a produção da linha será muito pequena, mas se depositar garrafas em demasia a seleção fica comprometida já que certamente as garrafas que ficarem por baixo não serão selecionadas. Caso uma garrafa de PVC consiga passar pela esteira sem que nenhuma das funcionárias a detecte, acarretará um grande prejuízo na qualidade do flake, já que os principais compradores de flake no Brasil aceitam só alguns PPM (parte por milhão) de contaminação por PVC.

Diferenciar as garrafas de PET das de PVC e de outros materiais é relativamente simples. Basta olhar no fundo das mesmas, as de PET têm a marca do bico de injeção (as garrafas de PET são primeiro injetadas formando uma pré-forma, esta é depois estirada e soprada. Por isso elas têm um acabamento superior), já as de PVC e outros materiais têm a marca no fundo do fechamento do molde de sopro, como mostra a figura 3.22.



Figura 3.22


É impressionante o que as pessoas guardam nas garrafas PET (tesouras, moedas, pregos, porcas e parafusos, ácidos, vidros, pedras, venenos etc.) e se estes materiais não forem retirados na esteira podem causar sérios danos aos moinhos e componentes da linha.

No final da linha um funcionário deve ficar encarregado pelo andamento, e parada das esteiras (esteira de seleção e de alimentação do primeiro moinho), pelo brunidor, pelos moinhos, e pela lavadora.

Esse funcionário deve ser muito bem treinado para desligar os equipamentos o mais rápido possível toda vez que ouvir algum barulho estranho nos moinhos, para reduzir ao máximo o prejuízo se uma faca quebrar. E parar o brunidor e as esteiras quando estas ficarem muito cheias e aumentando o risco do pessoal deixar passar algum contaminante ou metal.

A esteira inclinada possui pás para transportar as garrafas até o primeiro moinho. Nele as garrafas são trituradas e passam pela peneira de 3”. Este moinho é também abastecido com água em abundância.

“O primeiro moinho é ligado à lavadora, e esta, por meio de uma rosca sem fim, é ligada ao segundo moinho, que deve ter uma peneira com furos de ½”. Os dois moinhos não precisam ser iguais. O primeiro pode ser um pouco menor do que o segundo, mas é recomendável que os dois sejam iguais para diminuir o número de peças sobressalentes como facas e parafusos.

É recomendável que os dois moinhos e a lavadora sejam enclausurados para que o ruído proveniente dos mesmos seja atenuado, na fábrica eles podem ficar em um quarto fechado como mostra a figura 16.

Depois de passar pelo segundo moinho, que também é abastecido com água, o material é transportado por outra rosca sem fim até o primeiro tanque; É nele que a maior parte dos rótulos e das tampas de garrafas são retirados, o PET moído afunda. E é transportada por uma rosca sem fim até a extremidade do tanque aonde outra rosca sem fim o conduzirá até o segundo tanque. Porém as tampas e os rótulos flutuam e são recolhidos na extremidade superior do tanque por um funcionário, que de tempos em tempos, os puxa com um rodo e os deposita em um BAG ou em uma caixa de água.

O segundo tanque é idêntico ao primeiro, e funciona do mesmo jeito, servindo para melhorar a limpeza do material. Depois do segundo tanque uma rosca sem fim conduz o flake até a secadora, que retirará grande parte da umidade do material. No pé da secadora acumula-se uma pequena quantidade de pó de PET, que deve ser recolhido no fim do expediente.

No fim do ano você pode pagar o décimo terceiro dos funcionários com a venda desse pó acumulado durante o ano.

Na secadora há dois tubos soldados para segurar as alças dos BAG’s.

Um funcionário precisa ficar constantemente socando o flake que cai no BAG para que este fique bem compactado. Caso isto não seja feito, e o flake encha o BAG só por gravidade, será usado o dobro de BAG’s para transportar sua produção.

Desnecessário dizer que, são precisos dois funcionários bem fortes para ficarem revezando no final da linha, pois, ficar socando o material nos “bag`s” não é nada fácil. Se você quiser um método mais mecânico existem socadores pneumáticos, que são utilizados para compactar areia de moldagem em fundições, e que podem ser adaptados para este serviço.

As maiores compradoras de flake no Brasil são a ECOFABRIL e a REPET que o transformam em fibra poliéster (a fibra poliéster é usada na fabricação de estofamento de bancos de automóveis e na fabricação de tecidos).
Ensaio de contaminação por PVC


Um ensaio simples permite verificar se o flake tem contaminação por PVC acima do especificado.

Objetivo: determinar o teor de PVC em PPM, em amostra de flak´s de PET.

Material necessário:

• Balança semi-analítica

• Forno elétrico

Procedimento:

• Pesar uma amostra de flak´s de PET (Ppet) em uma forma metálica (de 0,5 a 1,0Kg).

• Levar para o forno elétrico a cerca de 200 ºC, por cerca de 25 minutos.

• Retirar do forno e esperar esfriar.

• Fazer a separação do PVC carbonizado e pesar (Ppvc).

Fórmula para cálculo do teor de PVC


PPMPVC = Ppvc x 1.000.000
                   ___________
                            Ppet

Exemplo:

Uma amostra de “flak”´s de PET com um peso de 500 gramas, PI = 500

Após a passagem pelo forno, a amostra continha 0,02 gramas de PVC carbonizado.

Logo a concentração de PVC será:


PPMPVC = 0,02 x 1.000.000 = 40PPM de PVC
                  ____________
                             500

Depois de retirar da estufa, espalhar o material em uma superfície plana e separar as partículas de PVC do PET (o PVC fica preto brilhante e é facilmente diferenciado de outras partículas e do PET) depois de pesar o PVC calcula-se sua proporção em relação ao PET. Não é preciso dizer que a amostra retirada do BAG deve representar o mesmo.


Troca de facas:

O PET é um material muito duro, que gasta rapidamente os jogos de facas; Por isso as facas dos moinhos devem ser trocadas todos os dias. Do primeiro moinho até duas vezes no mesmo dia, se ele perder rendimento.

Numa recicladora de PET a afiação e a troca dos jogos de facas é uma das partes mais importantes do processo, por isso os funcionários envolvidos com estes serviços devem ser de inteira confiança e altamente treinados. Uma afiação errada, e lá se vai o ajuste das facas no moinho, e se estas não estiverem bem justas (cortando “cabelo de sapo”) o rendimento da linha cai substancialmente, e o lucro com ele.


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