É muito comum encontrar nas recicladoras, aglutinadores
fazendo o serviço de secadoras. É que materiais úmidos saem enrugados ou meio
porosos prejudicando a qualidade do material acabado. Ocorre que quando o
material entra úmido na rosca da extrusora a umidade vira vapor e depois gás,
misturando-se com o material que está sendo extrudado. Então, são utilizados
aglutinadores para secar o material, esquentando-o.
Vários recicladores juram de pé junto que é impossível
extrudar sem passar o material num aglutinador. Mas isso não é verdade, existem
formas melhores de secar os plásticos.
Extrudei vários tipos
de materiais sem precisar utilizar aglutinadores, e como o nome o diz,
aglutinadores são para aglutinar, não secar ou moer.
MAS O QUE É
AGLUTINAR?
O filme de baixa depois de picotado, se colocado diretamente
na extrusora, por ser muito leve não desce no funil da mesma, e a todo tempo,
se faz necessário ter alguém socando para o material descer. Por isso foi
inventado o aglutinador, que como o nome diz, aglutina o filme dando maior
densidade.
Os filmes, no processo de fabricação, quando passam pelo
balão são esticados e quando são reaquecidos se contraem.
É lógico que esse método já foi superado, e atualmente as
grandes empresas usam alimentação forçada, que é uma rosca empurrando o
material em direção à rosca da extrusora. Tornando o processo bem mais
econômico, pois, o consumo de energia dos aglutinadores é muito grande e sua
produção pequena.
Bem, para os descrentes segue a foto de uma linha de lavagem
de PP e PE na qual trabalhei quase quatro anos, e nunca tive que passar o
material lavado em aglutinadores.
A secadora e o moinho gastam muito menos energia que um
aglutinador, e tem a vantagem de ser um processo contínuo e não por bateladas
como no aglutinador, o motor da secadora da foto é de 15CV e do moinho é de
20CV totalizando 35 CV.
Para fazer o mesmo serviço com um aglutinador seria
necessário um motor de 60CV no mínimo, que gastaria muito mais energia, sem
contar que o aglutinador trabalha em regime de batelada, consumindo uma energia
enorme quando começa seu ciclo e entra em carga.
O moinho da foto serve para terminar a secagem, já que ele
se esquenta pelo atrito do corte do material; Sendo alimentado de forma
contínua não dá trancos, e gasta sempre a mesma energia (sem oscilações). Eram
necessários somente dois operários e a produção era bem grande.
Nessa linha costumávamos moer caixas de cerveja Brahma
vermelhas e amarelas (como mostra o pó embaixo da secadora e no visor do cilo)
e misturávamos com outros tipos de PEAD de sopro e injeção. Também passávamos
vários tipos de PP na mesma linha e posteriormente guardávamos em “BEGs” que
eram convertidos em “pellet”, numa extrusora de 120 mm.
É lógico que, se o material a ser moído for de espessura
muito fina como garrafas, e não for misturado com materiais de espessura maior,
a secagem será ineficiente tornando-se necessário o aumento da quantidade de
secadoras, ou que se insufle ar para melhorar a secagem.
O polietileno e o polipropileno não são higroscópicos como
PET e náilon, quer dizer, eles não absorvem umidade da atmosfera por isso se
secados devidamente não precisam ser esquentados novamente para sua extrusão.
Moral da história: “Seque seus produtos devidamente na sua
lavadora, e não precisará de aglutinadores para esquentá-los antes de
extrudar”. Poderá processá-los à temperatura ambiente mesmo. Lembre-se que o
polietileno e o polipropileno virgem costumam ser vendidos em sacos de 25 kg e
não vem com a indicação: “Aqueça antes de usar”. E se o motivo for misturar
diferentes plásticos, isso pode ser feito na lavadora mesmo, ou em um
misturador de ração que usa um motor de 2CV.
TAMBÉM OS AGLUTINADORES NÃO SÃO BONS MOINHOS.
É comum em recicladoras, sobretudo de tubos de PVC, o uso de
aglutinadores fazendo o papel de moinhos, contudo a produtividade de um
aglutinador nessa função é muito reduzida comparada a um moinho. Há os que usam
forrageiras para moer PVC, o que constitui algo ainda pior.
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