MOINHOS

Finalmente, o MOINHO!


Que costuma tirar o sono de muita gente!
Não é exagero dizer que muitos faliram no moinho.

O moinho “afunda” os pequenos empresários.

Quando mais se precisa, é neste momento que ele se quebra. E a quebra dele é quebradura mesmo. Por isso, será gasto considerável tempo falando dele.

Você não vai querer fazer um moinho, não é aconselhável, é fácil se machucar na tentativa. O melhor mesmo e comprá-lo de alguma firma idônea, e lembre-se que, em se tratando de moinhos, a máxima se aplica: “O barato sai caro.”

Moinhos, assim como os automóveis, e todos os tipos de máquinas que hoje encontramos no mercado, foram desenvolvidos ao longo dos anos através de tentativas, erros e acertos.

Hoje, o Brasil conta com excelentes equipamentos para moer plásticos diversos. Porém, esses equipamentos foram projetados para atender as inúmeras necessidades das fábricas, isso os torna caros.

As recicladoras que trabalham com produtos de baixo custo dificilmente conseguem comprar esses equipamentos. Então, surgiu um nicho de mercado que se especializou na produção de equipamentos para reciclagem, constituído de pequenos fabricantes.

Devido a isso, o que se encontra no mercado direcionado para reciclagem de plásticos, são produtos de baixa qualidade. Moinhos extremamente ruidosos, de difícil manutenção, e com erros de projeto são comuns no mercado. Esses fabricantes simplesmente copiaram projetos já consagrados e tiraram algumas gordurinhas, quer dizer diminuíram a chapa um pouquinho aqui, retiraram alguns itens ali; No final tem-se um moinho ”meia boca”, que moe, mas, que quando precisar substituir uma peça gasta, (como uma peneira ou um jogo novo de facas), a decepção é grande, freqüentemente não cabem ou as furações não batem.

Ninguém faz milagre, é barato por ser ruim mesmo.

Segue abaixo uma figura de um moinho.





Como o moinho “afunda” a gente:

Bom, você comprou um moinho (“raspou” a conta no banco), um belo moinho, digamos de marca e aí “botou o bruto para roncar”.

É uma maravilha, o que “botar na boca, ele tritura”, mas depois de algum tempo o rendimento começa a cair. As facas estão gastas, precisam ser afiadas.

E agora? Não pensei que essas facas durassem tão pouco!

Preciso pagar para afiar minhas facas, e isso é caro.

Já não estou gostando tanto do “bruto”.

Depois de um mês rodando com o “bicho”, estar injuriado por gastar tanto com afiação de facas, o “desgraçado” decide quebrar.

Uma fumaça preta toma conta do meu galpão; Quando chego perto, meu funcionário me diz: “_ Ele parou e começou a fumar”.

É sempre assim, você cria confiança e tende a aumentar a quantidade de material dentro dele; Então, as facas vão se gastando, e chega uma hora que ele pára. Mas, o motor continua girando com as correias paradas, conclusão: é fumaça na certa.

Você perde um jogo de correias, novinho e, se seu funcionário tiver demorado a desligar o “bicho”, o rolamento da polia do motor “já foi”.

Bom, agora você já aprendeu na pele e no bolso a lição: Deu uma “chamada” no seu funcionário, para não colocar tanto material no moinho, e pediu-lhe que fique esperto para se o moinho travar novamente, desligá-lo imediatamente.

Lógico que também tirou aquela “gambiarra” da parede e mandou fazer um painel decente com relê térmico, botoeira de emergência, fusíveis, e relê falta-fase, pois, se cair uma fase na rede elétrica, seu motor trifásico “já era”!

IH! Este moinho está ficando caro!

Depois de algum tempo o mesmo problema acontece.

Lógico, você vai logo até o seu funcionário e o repreende, mas ele "jura de pé junto” que colocou a mesma quantidade de material de sempre no moinho.

Aí você começa a pensar no quê teria dado errado. Simples: suas correias foram se gastando e ficando frouxas, aí o moinho trava mesmo, sorte que eu tinha feito o painel e não perdi o rolamento, menos mal.

Bom, agora tenho um jogo de correias de reserva, aprendi que é facinho perdê-las, melhor estar precavido.

Passado algum tempo, um barulho infernal. Lá vou eu de novo verificar o que há desta vez.

A primeira faca quebrada a gente nunca esquece. Lá se foi meu jogo novinho; “Ai que dó”!... E, dependendo da pancada, “lá se foi o moinho”!

Mas, felizmente eu comprei um moinho caro, e ele agüentou a “porrada”. Então, o que deu de errado?

Simples: Meu funcionário me falou que a chave Allen e os parafusos estavam ficando gastos. Olhei os parafusos e ainda estavam bons, os havia comprado juntamente com a chave há menos de um mês. “Que funcionário relaxado é esse, com o qual uma chave de aço rápida não dura um mês?!?”

Acontece que ainda não se inventou um parafuso para ser apertado e desapertado toda hora.

O fabricante projeta o parafuso para ser apertado e ficar no lugar. Depois de algumas trocas de faca o parafuso começa a perder o sextavado, então estraga a chave que, estando estragada não dá um bom aperto nos parafusos, e soma-se a isso a vibração do moinho. Pronto, o parafuso se solta, soltando a faca esta bate na faca de espera, bummm!

O prejuízo é grande. Fora que, os parafusos também costumam quebrar por fadiga, e você não têm como perceber isto. O melhor mesmo é trocar todos de tempos em tempos junto com a chave. “Eita” moinho caro!

Agora tenho dois jogos de faca reservadas, nunca se sabe... É facinho perdê-las, e tão difícil conseguir um jogo novo no fabricante, sorte que meu moinho é de marca e eles me mandam de avião no outro dia, um novo jogo. Assim minha produção não fica muito tempo parada.

Ainda bem que não economizei no moinho!

Ai que moinho caro!...

Trabalhei vários anos como consultor em minhas horas de folga, e esta história, ouvi de diversos empresários. É comum se cometer esses erros. Inclusive eu os cometi. Espero que você, com intenção de montar uma reciclagem, não os cometa.

Ah! Se eu tivesse um livro que me ensinasse na época...

Antes de passarmos para a lavadora vamos falar de outros defeitos que costumam acontecer com moinhos:

1. Correias desalinhadas: é “de chorar” perder um jogo novinho de correias logo após a troca, por não ter alinhado as mesmas. Mas acontece. A correia desalinhada gira pelo avesso, e o moinho, com menos correias, não agüenta o esforço, daí ele trava e as correias já eram. O mesmo acontece se você não trocar o jogo completo, umas ficam mais frouxas. O moinho se comporta como se estivesse com menos correias, então trava.


2. Correias muito esticadas: esse é pior ainda, além de perder as correias você aquece o motor pelo atrito em demasia e este se queima. Isso se não empenar o eixo, tornando a solução mais onerosa.

3. Rotor desbalanceado: Os rotores dos moinhos costumam perder o balanceamento. Devido às pancadas podem empenar, mas freqüentemente devido às facas estarem de tamanhos diferentes. Não é bom um moinho trepidar em demasia, pode estragar os rolamentos (são bem caros) e a substituição dos mesmos costuma ser bem demorada. Sem contar que não é fácil retirar um rolamento de um moinho. Quando o moinho é de qualidade, é bem fácil fazer a troca.

4. Facas: Depois de várias afiações os jogos de facas costumam apresentar problemas. Segue abaixo alguns croquis dos defeitos mais comuns que acontecem com as mesmas.

Facas gastas em uma das extremidades: quando isto acontece não tem jeito, a regulagem das mesmas no moinho é dificultada e, fazendo-o perder rendimento. O melhor é inspecionar periodicamente a afiação e corrigir no começo.

H > H’

Figura 2.2

Facas abauladas: mesma coisa, corrija urgentemente, pois, é puro descuido de quem as afia.


H > H’ = H”

Figura 2.3

Jogo com facas maiores: acontece quando uma das facas do jogo quebra, então, fica-se com pena de descartar o restante do jogo. Porém, ao misturar jogos diferentes, as alturas costumam não bater. O correto é misturar jogos com facas bem próximas na altura, ou retificar todas até igualá-las.

H > H’

Figura 2.4

As costas das facas batem na faca de espera: isto acontece quando se perde o ângulo das facas. Quando uma faca cria dentes, o afiador tende a fechar o ângulo para demorar menos na afiação, então, as costas da faca batem na faca de espera. Sem contar que, mesmo que não chegue a bater, o rendimento do moinho tende a cair por falta de ângulo de saída do material. Uma solução é passar a lixadeira nas facas, onde estão batendo como mostra a figura 2.5.c

Figura 2.5.a

Figura 2.5b

Figura 2.5.c

Parafusos abaulados na parte de encosto: os parafusos, depois de alguns apertos, começam a ficar com a parte de encosto da cabeça abaulada (arredondada), prejudicando a fixação das facas; Estas também criam um arredondamento (afundamento) na superfície onde se apóiam os parafusos. Com o tempo eles tendem a se soltar, pela falta de aperto, já que a superfície de contato parafuso-faca vai ficando cada vez mais irregular a cada aperto, como mostra a figura 2.6.


Figura 2.6


O problema se agrava quando o furo das facas é oblongo, por que a superfície de contato parafuso-faca é menor, e se a faca for muito mole o parafuso irá entrando no rasgo a cada aperto podendo varar do outro lado quando o moinho estiver sendo solicitado na moagem. Figura 2.7.

Figura 2.7


A solução do problema é utilizar sempre arruelas evitando assim a deformidade dos parafusos na parte de contato com a faca, e aumentar a superfície de contato, já que o furo da arruela será um pouco maior que o diâmetro do parafuso, porém, menor que o diâmetro do furo da faca. Estas arruelas têm de ter uma espessura tal que não se deformem no aperto, e têm de ser substituídas sempre que comecem a ficar abauladas como mostra a figura 2.8.


Figura 2.8


Às vezes não dá para se colocar arruelas grossas nos parafusos porque estes ficam muito altos e batem na faca de espera. A solução é substituir os parafusos Allen por parafusos sextavados de aço, que possuem uma cabeça menor, como mostra a figura 2.9.

Figura 2.9
Finalmente, é comum quando ocorre quebra de faca (em moinhos mal dimensionados) que o parafuso rasgue o filete de rosca da peça e a manutenção fique muito complicada, pois, torna-se necessário aumentar o furo, fazer nova rosca, e trocar o parafuso por um de diâmetro maior, ou retirar o rotor e levar no torneiro para ser embuchado.

A solução é verificar se os parafusos são grandes o suficiente para que, ao quebrar-se uma faca, o esforço arranque a cabeça dos mesmos e não estrague a rosca da peça. Se necessário troque os parafusos por outros mais compridos, certificando-se que os furos do rotor sejam fundos o bastante para que, ao apertar os parafusos estes não batam no fundo. Pois, desta forma dará a impressão que eles deram aperto, mas a faca está solta. Se isto acontecer deve-se aumentar o furo e passar macho. Figura 2.10.

Figura 2.10


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