Quando comandei o serviço de
coleta do lixo em uma grande cidade do nordeste, tive oportunidade de estudar
como ele é gerado e como polui as grandes cidades. Observei que os resíduos da construção
civil (mais conhecidos como entulho) são responsáveis por grande parte do
problema da poluição das cidades. O entulho não deve ser levado ao aterro
sanitário. Ele deve ser colocado em caçambas e empresas especializadas devem
fazer a coleta e cuidar da sua adequada destinação (frequentemente o entulho
serve de aterro).
No entanto,
não é raro as pessoas fazerem pequenos consertos ou reformas em suas
residências e se depararem com o problema do entulho gerado por tal obra. Quem
já não passou por essa situação? Fez uso da caçamba?
No desempenho
da minha função costumava acompanhar a limpeza das ruas e com frequência via
algum morador com seu carrinho de mão jogando entulho ao pé de um muro. Em
pouco tempo as pessoas começavam a jogar sacolinhas com lixo, depois vinham os
sofás velhos e os galhos de arvores. O interessante é que quase sempre o
entulho chegava primeiro e parecia atrair o resto do lixo. Também era muito comum caminhões procurarem
ruas na periferia onde houvesse pouco movimento e, em surdina, livrarem-se do
entulho. Isso evidentemente é errado! Se
todo mundo agir dessa forma as cidades ficarão feias e poluídas.
As
grandes cidades constam cada vez com menos áreas para depositar os detritos
gerados pela população. Um aterro
sanitário bem feito custa muito dinheiro. Primeiro, que ninguém quer um desses
aterros perto de casa, por isso eles acabam se distanciando cada vez mais dos
pontos de coleta (ruas ou bairros onde eles recolem o lixo). O custo gerado
para o transporte é enorme; segundo, o enchimento do aterro sanitário constitui-se
em um problema gigantesco para as prefeituras e para tentar amenizá-lo costumam
proibir o depósito de entulhos.
Nesse
contexto a reciclagem chega com força a setores que geram uma quantidade enorme
de detritos como é o caso da construção civil. Na construção de um prédio são
geradas toneladas de resíduos, o famoso entulho.
Criam-se as usinas
e mini
usinas capazes de reciclar esses resíduos. Com isso o problema não acaba, porém é
efetivamente amenizado.
Como
funcionam essas usinas e mini usinas?
Primeiro
surgiram as usinas e todas funcionam
de forma parecida: o entulho recebido após o processo de triagem é descarregado
no alimentador vibratório que alimenta o britador (no alimentador vibratório é
retirado o pó que vem junto com o entulho). O britador tritura o entulho e o
despeja em uma correia transportadora (e comum molhar o entulho que entra no
britador para não gerar muita poeira).
Nessa correia são colocados imãs potentes para retirar metais (ferros de
construção que vão nos pedaços de concreto). A correia transportadora despeja o
material nas peneiras vibratórias que o separam pelo tamanho dos grãos. Após passar
por essa separação, o material é transportado por correias finas e separado em
pilhas. Cada correia transporta um determinado tamanho de agregado, tais como,
pedrisco, pó de areia, brita 1 e brita 2.
A
mini
usina é um pouco diferente. Primeiro
pelo tamanho que é bem menor para poder ser transportada com facilidade. Ela é
colocada na obra (frequentemente prédios de apartamentos) e serve para reciclar
os detritos que são produzidos na própria obra.
Quando a obra acaba, a usina é transportada para outra obra em
construção.
A
mini
usina funciona da seguinte forma:
- Um operário coloca os materiais
a ser reciclados na moega (uma grade grossa) e com o auxilio de uma marreta os
quebra para que passem por ela. Esses
materiais caem em um elevador que os leva para uma primeira peneira onde é
separado o pó do entulho.
- O entulho entra no moinho para
ser triturado e em seguida cai numa segunda peneira.
- Tanto o pó da primeira peneira
quanto o entulho triturado na segunda peneira caem em outro elevador. Nessa
face são retirados os materiais rejeitados nas peneiras.
- O elevador joga os materiais em
dois misturadores.
- Outro operador rasga sacos de
cimento em uma grelha e os mistura com o material reciclado em uma proporção
determinada. A mistura é transportada por outro elevador para um silo.
- Um terceiro operador, retira do
silo o material pronto e o coloca em sacos que são costurados. Esse material
ensacado depois é utilizado na própria obra para rebocar as paredes (e preciso
hidratar a mistura). Diminuem-se os custos com areia e gera-se uma construção
limpa, quase sem detritos.
Tanto
a usina
como a mini usina dão lucro. A usina e construída frequentemente em
parceria com as prefeituras, já que para atender a lei federal 12305/2010 que
determina uma destinação correta para os resíduos de construção civil a
reciclagem desse tipo de resíduos é uma excelente saída. Depois de reciclados
eles se transformam em areia, tijolos, calçamentos, etc.
O
lucro das mini usinas é ainda maior. Produzem em torno de 2.000Kg/hora de
materiais que serão utilizados no reboco de paredes ou no contra piso da
própria obra.
Quer dizer que
o investimento com um equipamento desses, além de ajudar o planeta, se paga em
pouco tempo.
Bom dia.
ResponderExcluirPrezado,
Trabalho na revista Reciclagem Moderna, em São Paulo, e cheguei ao seu blog por meio de algumas pesquisas. Você pode informar um e-mail de contato, por gentileza? Gostaria de tratar de alguns assuntos contigo, visto que possui experiência no ramo.
Caso prefira, envie um e-mail para redacao2@ecobrasil.com.br
Obrigado.
Leandro.
Boa Tarde
ExcluirMeu e-mail: chelomass@gmail.com
Grato
Sebastian Mass