domingo, 6 de junho de 2010

TESTE DE EXTRUSÃO

Os grandes fabricantes de equipamentos orientam seus consumidores quanto ao uso adequado de seus produtos, e fornecem informações detalhadas como tabelas com as diversas temperaturas para cada material, para os clientes tirarem o melhor aproveitamento dos seus produtos. Nessas tabelas encontram-se as temperaturas certas para se processar polietileno, polipropileno, PVC, etc.
Porém, os recicladores costumam misturar produtos, então, é freqüente eles desconhecerem o tipo de plástico que estão querendo processar. Também os equipamentos costumam estar com os controladores desregulados e não é raro sequer terem tais controladores.

A grande maioria dos recicladores não tem formação na área de plásticos, e o que sabem foram aprendendo por tentativa e erro, ao longo dos anos.

Por isso vou fornecer algumas dicas e procedimentos práticos para que encontrem as temperaturas adequadas, obtendo assim, um melhor rendimento.


Como saber que temperatura e indicada para processar o material?

Você tem um material e está ansioso para colocá-lo no funil da extrusora, mas está com medo de quebrar alguma coisa ou se machucar.

Parabéns! Você é uma pessoa precavida, e ter receio de experimentar um novo produto (desconhecido para você) é uma atitude bastante sensata, pois você corre sérios riscos de estragar o equipamento se não acertar o ciclo térmico do mesmo, e inclusive pode, o quê também e muito fácil, se machucar fazendo testes de forma desajuizada.

O melhor é não fazer testes com produtos totalmente desconhecidos.

Mas, se você tem uma idéia do material que vai usar na experiência, então as coisas mudam; pode-se pensar com mais carinho no teste.


Requisitos necessários para se fazer testes em extrusoras:

I. Conhecer o material que se pretende testar, não precisa ser um conhecimento profundo, mas é bom ter uma idéia do que se está colocando na extrusora;

II. Conhecer muito bem o equipamento. Não adianta querer fazer testes em equipamentos nos quais você nunca mexeu;

III. A extrusora deve estar em boas condições de funcionamento (ou em condições normais), não se deve fazer nenhum teste se o equipamento estiver com resistências queimadas, termopares danificados ou pirômetros quebrados;

IV. Disponibilidade de tempo. Não se pode prever com precisão o tempo que levará um teste, e fazer experiências às pressas não dá certo e torna-se perigoso.


O teste:

O primeiro passo é regular as temperaturas ligeiramente mais altas que as estimadas para o material. Com isso evita-se o risco de se iniciar com a extrusora muito fria e vir a quebrar a rosca. Depois se retira o cabeçote da extrusora para não correr riscos com o mesmo e também objetivando uma melhor visualização do material no momento em que ele saia do canhão. Coloca-se um pouco de material no funil da extrusora e aciona-se, de modo que a mesma gire o mais devagar possível. Fica-se atento a qualquer comportamento estranho da mesma, como barulho excessivo, motor sem força, fumaça saindo pelo canhão, etc., se necessário aborta-se a experiência para não comprometer a máquina.

Observando a saída do material conclui-se então se as temperaturas de processo foram adequadas. O plástico deve sair derretido, mas se sair muito pastoso é necessário que se aumente aos poucos as temperaturas, até que se consiga fazê-lo sair derretido e homogêneo quanto a sua cor.

Se o plástico sair muito derretido, parecendo água, devem-se desligar as resistências e ficar acompanhando os pirômetros, que irão mostrando temperaturas cada vez mais baixas e que, em determinado momento se estabilizarão por algum tempo; É nessa hora que se devem religar as resistências e programar os pirômetros para as temperaturas que aparecem nos mesmos.

Quando se desligam as resistências, as temperaturas no canhão vão baixando visto que está entrando material frio no funil, e este, ao ser extrudado retira calor da rosca e do canhão. Mas, em determinado momento estas temperaturas param de cair e por alguns instantes elas ficam constantes. Isso ocorre porque o material está ficando muito frio, a rosca começa a ficar mais pesada para o motor, mas este, por algum tempo ainda consegue girar a mesma, aumentando o consumo de energia elétrica. Esta, girando gera por fricção a temperatura que está faltando para o material derreter, mas isto só é possivel por um curto espaço de tempo, logo o motor não conseguirá mais girar a rosca, por isso é que se deve ligar as resistências e programar os pirômetros para as temperaturas que eles acusam nesse momento.

É importante que se tome muito cuidado quando se testar PVC, visto que, quando este fica muito quente, degrada formando gás de ácido clorídrico, começando a fazer pressão dentro da extrusora. Caso esta seja desligada com material dentro, este se degradará e a pressão dentro da rosca aumentará muito, vindo a explodir pela saída do canhão. O melhor é deixar a extrusora rodando mesmo que o material esteja saindo muito quente até que a mesma se esvazie completamente. Então, neste momento baixar as temperaturas e depois então recomeçar a experiência.

Quando se liga a extrusora é comum sair um pouco de gás na saída do canhão, mas se a saída de gás for aumentando e o material demorar a sair é porque está ocorrendo pressão dentro do canhão.

Nestas horas deve-se ser ágil em baixar as temperaturas e fazer com que o gás que se acumula dentro do canhão saia rapidamente.

É bom saber que mesmo que você programe todos os pirômetros da extrusora para uma mesma temperatura, o material que passará dentro do canhão nunca ficará na mesma temperatura, a não ser que a rosca esteja cheia e parada. Mas, logo que esta começar a girar, o material que entra vindo do funil está bem mais frio e este irá se aquecendo à medida que for passando pela rosca. O aquecimento do material é de fora para dentro e como os plásticos costumam ser isolante e comum ter material completamente derretido misturado com outro no estado sólido. Também as temperaturas dos pirômetros não são as do material, são as do canhão, o plástico costuma estar sempre bem mais frio.

Um comentário:

  1. Boa tarde,
    Eu queria comecar a reciclar PEAD em casa de forma artesanal.
    Eu nao consegui derreter o material de maneira favoral para compressao ou extrusao. Eu usei temperatura de 200 ºC e o PEAD nao derreteu bem.

    Qual seria a melhor temperatura para derreter PEAD numa extrusora artesanal? Uns 230 a 250 ºC?

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